quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os nossos alunos escreveram...

        

ANA SOFIA
Quase todas as infâncias são belas, mágicas e com muitas peripécias divertidas para contar. No entanto, há sempre um momento que todas as crianças não esquecem, que é o primeiro dia de aulas. Lembro-me perfeitamente do meu.
         A noite anterior à minha entrada na escola foi um suplício. O relógio teimava em manter os mesmos números durante longos períodos. Eu já começava a ser invadida por vários sentimentos como a ansiedade, o medo, a curiosidade… e já sentia as famosas borboletas no estômago. Mesmo assim contive-me, porque não queria acordar os meus pais.
         Para me acalmar, pus-me a imaginar as professoras, os novos amigos e aquela que iria chamar “minha escola”. Com tanta imaginação acabei por adormecer na macia almofada de penas que me fora oferecida no meu aniversário.
         Entretanto, a manhã chegou e a energia que tinha em mim era tanta que não me deixava parar, nem um segundo.
         No caminho para a escola, foi como se me tivessem sugado a energia. Estava quase imóvel. Sentia medo, medo de algo não correr bem. A travessia de casa à escola foi feita em silencio, o que deveria se complicado para uma faladora como eu. Mas, quando cheguei à escola, tudo isso passou. Arranjei logo companhia e mandei os meus pais embora, já com a mania de ser independente. O dia passou rápido, e à noite, o que não faltaram foram histórias para contar. Histórias essas que relatavam, nem mais nem menos, do que a minha felicidade por estudar

10º2



Como já era costume, em todas as tardes de Inverno, estava no parapeito da janela... A saudade entranhava-se na imensa neve fria e esmagadora.
- Já passou tanto tempo... - ao pronunciar estas tímidas palavras, senti um líquido quente e salgado que escorria ao longo do meu rosto gélido.
     Foi  exactamente há dez anos, tinha eu os meus ternos seis anos, era Natal, a casa estava toda decorada, o cheiro natalício andava por todo o lado e eu, com a minha doce ingenuidade, estava sentada no pavimento frio daquela divisão, os meus olhos verdes brilhavam como esmeraldas e esperavam com ansiedade. Estava a infringir todas as regras impostas pela minha mãe, mas a curiosidade de uma menina era sempre mais forte do que qualquer outra coisa.
 Esperava e esperava, mas ele nunca mais aparecia, já passava da meia noite… será que a minha mãe tinha mesmo razão? Será que aquele homem rechonchudo, de barbas brancas, vestido inteiramente de vermelho, só aparecia depois deu eu estar a dormir?
     Tentei... Juro que tentei, mas os meus olhos já estavam a ficar demasiado pesados, lutei com todas as minhas forças até que cedi e fechei os olhos.
            Acordei, olhei em meu redor e estranhamente reparei que estava na minha cama. Levantei o meu pequenino braço dos pesados cobertores e afastei um pouco da cortina. Os raios de sol entraram bruscamente, indicando-me que já era manhã. Calcei os meus chinelos e corri para junto da árvore de Natal.
Quando, finalmente, lá cheguei os meus olhos verdes brilharam como nunca. Estes nunca viram uma árvore tão recheada como aquela que estava diante de mim. Ouvi uns passos: eram os meus pais que vinham em meu encontro. Num longo abraço pronunciaram um ''Feliz Natal'', que valeu mais que todos aqueles presentes que estavam debaixo daquela árvore.
Estremeci... Continuava ali ao parapeito da janela recordando todos aqueles bons momentos da minha infância.
     Infelizmente são apenas recordações.
Débora10º2


Eu sou a Ana! Se o tempo pudesse voltar atrás, traria comigo todas as pessoas que me deram amor e que todos os dias me deram um sorriso

             Ainda me lembro de quando vim de Lisboa para a Madeira e tive que deixar os meus amigos.
             Para mim, amigos são uma das coisas mais importantes da vida, pois quem não tem amigos não é uma pessoa completamente feliz.
              Se o tempo pudesse voltar atrás, traria comigo todas as pessoas que me deram amor e que todos os dias me deram um sorriso, especialmente a Sr.ª Rosa, que cuidou de mim enquanto minha mãe trabalhava.
              Todos os dias de manhã, apanhava o metro para Loures, e quando lá chegava lá estava a Sr.ª Rosa na estação à minha espera para irmos passear.
              Todas as manhãs me levava a tomar o pequeno-almoço e comprava-me sempre uma  boneca.
               Hoje em dia, só nos falamos por telefone, pois ela não pode vir à Madeira, porque é uma  pessoa muito doente e está entre a vida e a morte, e sempre que lhe telefono, ela chora por ouvir minha voz e chora por pensar que, um dia que vá com Deus, não tem quem me avise.
               Mando-lhe fotos e postais todos os meses, para que ela não se esqueça de mim.
               Ela é como se fosse uma segunda  mãe e peço a Deus que não a leve sem eu ter a oportunidade de a ver mais uma vez.
               Se eu pudesse voaria até ao infinito, e sentava-me numa estrela que brilhasse menos, e de lá olharia o mundo. Mas levava comigo um binóculo que me deixasse ver em especial aquela amiga.
              Deixava também minhas lágrimas caírem na terra, uma por uma, como se fossem gotas de chuva, mas queria que minhas lágrimas levassem até ela minha saudade. Apesar de  não estar todos os dias ao meu lado, esta sempre no meu coração.
              Cada novo amigo que gostamos no decorrer da vida, aperfeiçoa-nos e enriquece-nos não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos releva de nós mesmos.
Ana Santos nº2

A Boneca

       Uma vez por outra, lembro-me da minha boneca, mais alta que eu na altura. Era a irmã mais velha que nunca tive, a minha companheira.
       Chamava-se Sizaltina. Meu pai deu-lhe este nome com a ideia de provocar a sua irmã, que possuia o mesmo nome.
        Desde então, ficou esse nome. Era impossível me esquecer de tal nome... Tinha grandes cabelos encaracolados, cor-de-rosa, vestia um macacão às riscas, azul, na cabeça um chapéu também azul, também às riscas.
         Esta boneca, nos tempos que ninguém tinha pachorra para me aturar era a única que o fazia sem reclamar. E, já que as roupas da minha mãe me ficavam que nem uns sacos de batata, vestia-lhe as diversas roupas que encontrava. Não é que também não lhe ficasse grande, mas sempre se ajustava melhor ao seu corpo.
         Eu própria a deitei ao lixo. A casa onde vivia era pequena e a boneca demasiado grande para guardar. Fui crescendo e deixei-a de parte, esse tambem foi outro motivo para a deitar fora. No fundo, custou a deitá-la fora, mas ficaram as memórias !
BEATRIZ NUNES
10º1

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